sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Recomeço pelo avesso

Espatifaram minha quimera


Restou apenas

O estrondoso




silêncio







da falta

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Para além do Capital

Crise expõe perigo de fortalecimento da direita, diz Hobsbawm e compara atual momento à queda da União Soviética

O britânico Eric Hobsbawm, considerado um dos historiadores mais influentes do século 20, disse à BBC nesta terça-feira que o maior perigo da atual crise financeira mundial é o fortalecimento da direita.
“A esquerda está virtualmente ausente. Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita”, disse Hobsbawn, em entrevista à Rádio 4.


O historiador marxista comparou o atual momento “ao dramático colapso da União Soviética” e ao fim de “uma era específica”.

“Agora sabemos que estamos no fim de uma era e não se sabe o que virá pela frente.”

Hobsbawn diz não acreditar que a linguagem marxista, que lhe serviu de norte ao longo de toda sua carreira, será proeminente politicamente, mas intelectualmente, “a análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante”.

Abaixo, os principais trechos da entrevista.

Muitos consideram o que está acontecendo como uma volta ao estadismo e até do socialismo. O senhor concorda?

Bem, certamente estamos vivendo a crise mais grave do capitalismo desde a década de 30. Lembro-me de um título recente do Financial Times que dizia: O capitalismo em convulsão. Há muito tempo não lia um título como esse no FT.

Agora, acredito que esta crise está sendo mais dramática por causa dos mais de 30 anos de uma certa ideologia “teológica” do livre mercado, que todos os governos do Ocidente seguiram.

Porque como Marx, Engels e Schumpter previram, a globalização - que está implícita no capitalismo -, não apenas destrói uma herança de tradição como também é incrivelmente instável: opera por meio de uma série de crises.

E o que está acontecendo agora está sendo reconhecido como o fim de uma era específica. Sem dúvida, a partir de agora falaremos mais de (John Maynard) Keynes e menos de (Milton) Friedman e (Friedrich) Hayek.

Todos concordam que, de uma forma ou de outra, o Estado terá um papel maior na economia daqui por diante.

Qualquer que seja o papel que os governos venham a assumir, será um empreendimento público de ação e iniciativa, que será algo que orientará, organizará e dirigirá também a economia privada. Será muito mais uma economia mista do que tem sido até agora.

Acredito que esta crise está sendo mais dramática por causa dos mais de 30 anos de uma certa ideologia 'teológica' do livre mercado, que todos os governos do Ocidente seguiram.


E em relação ao Estado como redistribuidor? O que tem sido feito até agora parece mais pragmático do que ideológico...

Acho que continuará sendo pragmático. O que tem acontecido nos últimos 30 anos é que o capitalismo global vem operando de uma forma incrivelmente instável, exceto, por várias razões, nos países ocidentais desenvolvidos.

No Brasil, nos anos 80, no México, nos 90, no sudeste asiático e Rússia nos anos 90, e na Argentina em 2000: todos sabiam que estas coisas poderia levar a catástrofes a curto prazo. E para nós isto implicava quedas tremendas do FTSE (índice da bolsa de Londres), mas seis meses depois, recomeçávamos de novo.

Agora, temos os mesmos incentivos que tínhamos nos anos 30: se não fizermos nada, o perigo político e social será profundo e ainda mais depois de tudo, da forma com a qual o capitalismo se reformou durante e depois da guerra sob o princípio de “nunca mais” aos riscos dos anos 30.

O senhor viu esses riscos se tornarem realidade: estava na Alemanha quando Adolf Hitler chegou ao poder. O senhor acredita que algo parecido poderia acontecer como conseqüência dos problemas atuais?

Nos anos 30, o claro efeito político da Grande Depressão a curto prazo foi o fortalecimento da direita. A esquerda não foi forte até a chegada da guerra. Então, eu acredito que este é o principal perigo.

Depois da guerra, a esquerda esteve presente em várias partes da Europa, inclusive na Inglaterra, com o Partido Trabalhista, mas hoje isso já não acontece.

A esquerda está virtualmente ausente, Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita.

O que vemos agora não é o equivalente à queda da União Soviética para a direita? Os desafios intelectuais que isto implica para o capitalismo e o livre mercado são tão profundos como os desafios enfrentados pela direita em 1989?

Sim, concordo. Acredito que esta crise é equivalente ao dramático colapso da União Soviética. Agora sabemos que acabou uma era. Não sabemos o que virá pela frente.

A globalização, que está implícita no capitalismo, não apenas destrói uma herança de tradição como também é incrivelmente instável: opera por meio de uma série de crises

Temos um problema intelectual: estávamos acostumados a pensar até então que havia apenas duas alternativas: ou o livre mercado ou o socialismo. Mas, na realidade, há muito poucos exemplos de um caso completo de laboratório de cada uma dessas ideologias.

Então eu acho que teremos de deixar de pensar em uma ou em outra e devemos pensar na natureza da mescla. E principalmente até que ponto esta mistura será motivada pela consciência do modelo socialista e das conseqüências sociais do que está acontecendo.

O senhor acredita que regressaremos à linguagem do marxismo?

Desde a crise dos anos 90, são os homens de negócio que começaram a falar assim: “Bem, Marx predisse esta globalização e podemos pensar que este capitalismo está fundamentado em uma série de crises”.

Não acredito que a linguagem marxista será proeminente politicamente, mas intelectualmente a natureza da análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante.

O senhor sente um pouco recuperado depois de anos em que a opinião intelectual ia de encontro ao que o senhor pensava?

Bem, obviamente há um pouco a sensação de schadenfreude (regozijo pela desgraça alheia).

Sempre dissemos que o capitalismo iria se chocar com suas próprias dificuldades, mas não me sinto recuperado.

O que é certo é que as pessoas descobrirão que de fato o que estava sendo feito não produziu os resultados esperados.

Durante 30 anos os ideólogos disseram que tudo ia dar certo: o livre mercado é lógico e produz crescimento máximo. Sim, diziam que produzia um pouco de desigualdade aqui e ali, mas também não importava muito porque os pobres estavam um pouco mais prósperos.

Agora sabemos que o que aconteceu é que se criaram condições de instabilidades enormes, que criaram condições nas quais a desigualdade afeta não apenas os mais pobres, como também cada vez mais uma grande parte de classe média.

Sobretudo, nos últimos 30 anos, os benefíciários deste grande crescimento têm sido nós, no Ocidente, que vivemos uma vida imensuravelmente superior a qualquer outro lugar do mundo.

E me surpreende muito que o Financial Times diga que o que se espera que aconteça agora é que este novo tipo de globalização controlada beneficie a quem realmente precisa, que se reduza a enorme diferença entre nós, que vivemos como príncipes, e a enorme maioria dos pobres.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dias de luta

Sim. Nós estamos em.


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Nem vem que não tem

Disseram-me que hoje é o Dia Internacional pela Igualdade Feminina. E um amigo disse: "... é, mulher é tudo igual mesmo"

Deixa ele... ;)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Como esse mundo é possível??? III

E por fim:

6. Pela garantia (ao longo da vida de todas as pessoas) dos direitos econômicos, sociais, humanos, culturais e ambientais, especialmente os direitos à saúde, educação, habitação, emprego, trabalho digno, comunicação e alimentação (com garantia de segurança e soberania alimentar);

7. Pela construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos, inclusive das minorias e dos migrantes;

8. Pela construção de uma economia centrada em todos os povos, democratizada, emancipatória, sustentável e solidária, com comércio ético e justo;

9. Pela ampliação e construção de estruturas e instituições políticas e econômicas – locais, nacionais e globais – realmente democráticas, com a participação da população nas decisões e controle dos assuntos e recursos públicos;

10. Pela defesa da natureza (amazonica e outros ecossitemas) como fonte de vida para o Planeta Terra e aos povos originários do mundo (indígenas, afrodescendentes, tribais, ribeirinhos) que exigem seus territórios, linguas, culturas, identidades, justiça ambiental, espiritualidade e bom viver.

domingo, 10 de agosto de 2008

Como esse mundo é possível??? II

Mais objetivos:

2. Pela libertação do mundo do domínio do capital, das multinacionais, da dominação imperialista patriarcal, colonial e neo-colonial e de sistemas desiguais de comércio, com cancelamento da dívida dos países empobrecidos;

3. Pelo acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade e da natureza, pela preservação de nosso planeta e seus recursos, especialmente da água, das florestas e fontes renováveis de energia;

4. Pela democratização e descolonização do conhecimento, da cultura e da comunicação, pela criação de um sistema compartilhado de conhecimento e saberes, com o desmantelamento dos Direitos de Propriedade Intelectual;

5. Pela dignidade, diversidade, garantia da igualdade de gênero, raça, etnia, geração, orientação sexual e eliminação de todas as formas de discriminação e castas (discriminação baseada na descendência);

sábado, 9 de agosto de 2008

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Como esse mundo é possível???

Caros,

A história não se fará a não ser pela revolução.

De hoje em diante postarei os objetivos de ação traçados pelos participantes do FSM 2009

1. Pela construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas, livre de armas, especialmente as nucleares;

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

E tenho dito...

Dissonante porém pertinente

O SEU SANTO NOME

Carlos Drummond de Andrade

Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.


sexta-feira, 25 de abril de 2008

FSM 2009 II

Não espero nada muito diferente das edições anteriores. O FSM é um espaço de debates da sociedade civil (mundial) organizada, de tônica "antineoliberal", "anticapitalista", "alter-mundialista", "antiglobalização", etc. Até aí, nada de errado, pois é preciso oferecer resistência aos avanços que o Capital tem feito sobre os explorados (no sentido marxista do termo) e oprimidos no mundo todo, desde a crise de 74-75, na tentativa de retomada da taxa-de-lucro.

O problema é que, na maioria dos casos, os envolvido no FSM não têm uma perspectiva revolucionária (no sentido marxista do termo) e, por isso, encabeçam lutas que, embora relevantes em alguns casos, não caminham no sentido de embasar uma luta pela superação do modo-de-produção capitalista. O lema "Outro mundo é possível" acaba significando - Outro capitalismo é possível, um capitalismo mais solidário, menos racista/machista/homofóbico/sexista (isso até que é possível, uma vez que essas ideologias não têm uma ligação direta com a ideologia “estritamente” capitalista), mais preocupado com as questões sociais e o meio-ambiente, etc., enfim, um capitalismo onde importa menos o lucro (!) e mais as pessoas e a mãe-natureza.

De certa forma, é um reflexo da crise do Comunismo/Marxismo, que era a posição predominante na luta-de-classes de algumas décadas atrás.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Seja bem-vinda, mas...

Não basta chegar, tem que escrivinhá ;)

Bjs

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Oi galera, cheguei!!!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

FSM 2009

O que esperar de um FSM na Mangueirosa?

Enquanto isso... Mais pelo Buena Vista que por qualquer fetichismo Guevarista

terça-feira, 8 de abril de 2008

Uma questão II

Pois bem.

É certo que optar entre ação ou omissão é um dos pressupostos para definir o nosso papel na história. Sim, porque mesmo na omissão favorecemos alguém, assim entendo.
Daí surge outra questão: se optamos por nos inquietar, como efetivamente podemos mudar algo?
Tudo bem, organização, coesão, etc e tal já é conhecido, ao menos por nós; contudo questiono o tipo de organização e mais, a forma de trabalho dessa organização.
Além do tradicional "Que fazer" é importante saber "Como fazer"...

I'm waiting ;)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Uma questão...

Partindo do conhecimento produzido pelo "materialismo-histórico", a ciência fundada por Marx, de que todo modo-de-produção em que existem classes se estrutura em torno da luta dessas classes, qual atitude devemos adotar frente à realidade: tomarmos, conscientemente, partido de uma das classes em luta ou ficarmos indiferentes em relação a isso?

É claro que não há uma resposta "absoluta" à questão, já que ela pressupõe um referencial (ideológico) que estabeleça um critério de decisão, mas estou interessado em saber qual pensamento de vocês a esse respeito.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Um marco dos quadrinhos


Tem gente que acha que história em quadrinhos é coisa para criança. Mas, mesmo esses têm que se render ao brilhantismo de Watchmen, mini-série escrita em meados dos anos 1980 pelo autor britânico Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons, ganhadora de vários prêmios Eisner e do prêmio Hugo, concedido anualmente às melhores histórias de ficção científica ou fantasia do ano anterior, que, nesse caso, abriu uma exceção e foi concedido a uma história em quadrinhos.

A história se passa no contexto da Guerra Fria, mas num mundo alternativo onde há vigilantes mascarados (daí o nome Watchmen) e um único ser humano com superpoderes, chamado Dr. Manhattan, uma espécie de "semi-deus" empregado pelo governo norte-americano, cuja mera presença dá aos Estados Unidos uma vantagem estratégica sobre a U.R.S.S.

No momento em que os eventos se dão, os vigilantes mascarados foram proibidos por uma lei americana e somente três deles se encontram em atividade: o Comediante, Dr. Manhattan, ambos empregados pelo governo estadunidense, e Rorschach, que continua em atividade ilegamente e é perseguido pelo Estado.

Tudo começa quando Rorschach ao investigar o homicídio de um diplomata descobre que a vítima, na verdade, era a identidade secreta do Comediante. A partir daí deduz que há um plano para matar os ex-vigilantes mascarados e começa uma investigação.

Bom, não pretendo contar toda a história, mesmo porque espero que algum dia vocês a leiam e não quero estragar as surpresas.

O brilhantismo da obra está na construção das personagens, cada uma é trabalhada em detalhes, principalmente no aspecto psicológico, se tornando realmente única. E não pensem que somente os "heróis" são tratados com esmero, até mesmo as personagens secundárias são bem construídas. Outro ponto de destaque é o autor ter conseguido escrever uma história dentro da outra, de forma que uma espelha a outra em miniatura.
Outra coisa interessante é como Watchmen é desenhada, as sequências seguem uma linguagem cinematográfica e ajudam a contar a história de uma maneira que não seria possível de outra forma.

O que levaria alguém a se tornar um vigilante mascarado? E se alguém fosse dotado de poderes sobre humanos, quase divinos? E se o mundo tivesse que lidar com esses seres? São alguns dos temas tratados em Watchmen.

Prucurem na net, ou no emule. Quem gosta de ler, não pode deixar essa passar.

Até mais.
PS: Esqueci de dizer que, em breve, será lançado um filme baseado na mini-série em quadrinhos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Surreal (Desabafo)

Não há palavra mais apropriada para retratar a coragem de um cidadão que responde pela alcunha da Armandinho e que aterroriza a vida das pessoas de bom senso com hits infames como "Ursinho de dormir" "Folha de bananeira" ao condenar a iniciativa dos Radiohead em disponibilizar seu mais novo álbum gratuitamente na net.

Engraçado, para não dizer triste, é o cara achar que é artista e que tem cacife pra falar do que não sabe, ou seja, música e arte.

Quem quiser se irritar, aí está a matéria : http://musica.uol.com.br/ultnot/2007/12/13/ult89u8337.jhtm

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Mais de 4513 álbuns grátis!

Não sei se vocês já conhecem, mas existe um site chamado Jamendo, onde é possível ouvir e baixar cerca de 4513 álbuns, nos formatos mp3 e ogg vorbis, todos disponibilizados através de licenças Creative Commons. Ou seja, livres para ouvir, compartilhar, modificar, mixar etc. Tem muita coisa boa lá, inclusive de artistas brasileiros.

Ótimo para quem quer conhecer o trabalho de artistas que não tem espaço na grande mídia, para quem quer material gratuito para produções próprias e, também, para os próprios artistas que têm a oportunidade de tornar seus trabalhos conhecidos e, inclusive, receber doações. Vale a pena conferir.

PS: Deêm uma "olhada" no álbum Muito Prazer do Haroldo Torrencilha.


Até mais.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Análise de conjuntura (Cecac)

Quem tem acompanhado o site do Centro Cultural Antônio Carlos Carvalho - CeCAC pode perceber que eles já têm publicado diversos artigos que procuram traçar uma análise de conjuntura, nacional e internacional, que se fundamente no "materialismo histórico dialético", na ciência fundada por Marx. Esses artigos já têm uma moderada repercussão nacional e, inclusive, internacional.

Pretendo destacar apenas os principais pontos que fazem parte dessa análise, com minhas próprias palavras e a partir do meu próprio entendimento (ou seja, não levem como sendo exatamente o que está dito nos artigos).

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De um modo geral, a tese apresentada é de que, a partir da primeira crise do petróleo (1973-1975), iniciou-se um novo período de crise do imperialismo, onde se pode destacar: a periodicidade das crises econômicas, a impossibilidade de uma "retomada virtuosa", a reconfiguração da economia mundial, a criação de uma "máquina de valorização fictícia" do capital e a atuação dos aparelhos internacionais ligados à ela.

O ponto central da análise é a tese de que o imperialismo, a despeito de toda a aparência, está em crise. Os títulos dos artigos mais importantes - "A crise do imperialismo expressa o agravamento de todas as suas contradições", "Luta de classes e crise do imperialismo" e "O mais recente crash financeiro. Uma análise marxista-leninista da crise do imperialismo", evidenciam justamente isso.

Tenta-se demonstrar a verdade da tese a partir da verificação de que, a partir de 73-75, tivemos em média uma crise a cada dois anos, dois anos e meio. O último artigo apresenta 17 eventos de crise. Esses crises são apresentadas sempre como sendo pontuais, referentes a uma região, ou setor da economia, mas, não obstante, tem sempre um efeito em toda a economia mundial, em todo o sistema imperialista. Um fato interessante apresentado é que cada saída encontrada para determinada crise acaba por fornecer os elementos que constituem a crise seguinte.

A constatação da existência de crises econômicas constantes, mas de curta duração, levou a que se formulasse o conceito (?) de "crise latente", em oposição às crises clássicas do capitalismo, mais esparsadas e de duração mais prolongada. A, digamos, latência da crise atual é o elemento que diferenciaria o atual período de crises do imperialismo, pois, anteriormente, a partir da existência de crises que destruíam ampla, profunda e rapidamente capital, seria possível períodos de "retomada virtuosa" do capitalismo, ou seja, um período de reprodução relativamente tranqüila do capital.

A possibilidade dessa "latência" se deu com a criação de um mercado fictício de circulação de capitais, o dito mercado financeiro, pois a parte do capital que não encontra possibilidade de reprodução à taxa média de juros na esfera real de valorização pode ser transportada para esse mercado fictício (mas que, entretanto, tem efeitos muito reais para a reprodução dos capitais) evitando-se, assim, que seja destruído, criando uma situação de crise clássica.

Esse mercado fictício é ampara pelos aparelhos internacionais a ele ligados, como os bancos centrais das principais economias, por exemplo, que vem se aperfeiçoando cada vez que a situação exige uma atuação mais "azeitada".

Por outro lado, colocou-se em curso uma reorganização da economia mundial, a fim de baratear os custos de produção, principalmente a força de trabalho, aumentado dessa forma a lucratividade do capital. Ocorreu um "parqueamento" da economia mundial, a história de se aproveitar as vantagens comparativas, o que é um fato absolutamente novo, se considerarmos a escala em que se deu. É aí que se encaixa a análise do Cecac de que o Brasil estaria passando por um processo de "regressão a uma situação colonial de novo tipo", a formulação prolixa denota a dificuldade de se caracterizar em um termo toda a complexidade da situação, além de deixar margens a interpretações equívocas. Mas o importante é o entendimento do que significa, que é, em resumo, a assunção do Brasil do papel de produtor de commodities, principalmente agrícolas, extrativistas e minerais, para o mercado mundial.

A China, por outro lado, exerceria o papel de suprir a produção capitalista de força de trabalho barata, forçando para baixo inclusive o valor da força de trabalho no resto do mundo, não pela lei da oferta e procura, mas sim pela lei do valor, uma vez que "reproduzir" um trabalhador a base de produtos made in china exige muito menos valor.

Uma coisa que eu gostaria de destacar, também, é que essa análise só faz sentido dentro do seu referencial teórico, o "materialismo histórico dialético", tendo em vista que, a todo instante, ele trabalha com conceitos que fazem parte dessa ciência e não podem ser transplantados para outros sistemas referenciais sem que haja distorções, ou mesmo inversões, etc.

Bom, é isso. Gostaria de falar mais, porém, sobre cada um destes pontos poderia se fazer um artigo a parte, e a minha intenção era só informar brevemente sobre eles. Peço que leiam os artigos citados, para podermos, quem sabe, fazer uma discussão aqui no Blog.

Até mais.



Quem manda e faz...

Bom, como fica meio difícil tirar par ou impar pela internet, e como fui eu quem deu a idéia, me disponho a escrever para a próxima semana. Mas não se esqueçam que isso quer dizer que uma de vocês duas vai ter que escrever alguma coisa para a outra semana.